segunda-feira, 18 de maio de 2015

Acomodação

   
Define-se acomodação como o processo responsável pela mudança do poder dióptrico do olho, garantindo então que a imagem seja focalizada no plano retiniano. 

   É resultante de uma mudança na forma do cristalino, alterando a sua curvatura e espessura central, modificando o poder dióptrico do olho. A teoria clássica de Helmholtz refere através da contração do músculo ciliar produz um relaxamento das fibras zonulares, assim sendo gera um aumento da espessura e curvatura do cristalino gerando uma alteração no seu poder dióptrico.
   Medimos a acomodação em dioptrias (D) e representando a distância de fixação em metros. Em outras palavras, se a distância de fixação é 1 metro, a acomodação é de 1 D, se 1/metro a acomodação é de 2 D, se1/é 3D e assim por diante.
   O valor máximo do aumento de poder dióptrico (amplitude de acomodação) deve ser medida para cada olho separadamente, já que binocularmente a amplitude de acomodação é geralmente maior (0,5 a 1,0 D). A medida da amplitude de acomodação deve ser realizada no olho emétrope, ou com a sua refração corrigida, quando necessário. Em caso muito raro a amplitude de acomodação se difere entre os dois olhos. Podendo ser medida de três formas: por meio do ponto próximo de acomodação, com régua de acomodação e pelo método de lentes esféricas.
  A medida do Ponto Próximo de Acomodação - PPA é a forma mais simples e prática. Utiliza-se um estímulo (tabela de perto) movendo-o na direção de cada olho até que as letras comecem a ficar embaçadas, sendo este o ponto próximo de acomodação. Em um olho emétrope (ou corrigido com lentes), o ponto remoto estará no infinito (onde a acomodação é nula) e o ponto próximo de acomodação pode ser convertido em dioptrias de acomodação.
   Com uma régua de acomodação, tipo régua de Prince, onde existe uma escala em centímetros e dioptrias, utiliza-se uma tabela de perto e uma lente de +3,00 D sobre o olho emétrope (ou corrigido com lentes). Ao colocar a lente de +3,00 D, o ponto remoto passa ser a 1/m e então o ponto próximo passa a ser da mesma forma 3,00 D mais perto. A amplitude de acomodação é determinada subtraindo-se o valor em dioptrias do seu ponto remoto, do valor em dioptrias do ponto próximo de acomodação.
   No método de lentes esféricas, coloca-se à frente de um dos olhos uma tabela de leitura a uma distância fixa. A acomodação é induzida através de lentes negativas sucessivas, até que a imagem fique borrada; a acomodação é então relaxada com o uso de lentes positivas sucessivas, até que novamente a imagem comece a ficar borrada. A soma das duas medidas (convertidas em dioptrias) é o valor da amplitude de acomodação.
   Segundo Atchison, Capper e McCabe, a crítica na medida da amplitude de acomodação com o ponto próximo de acomodação e com a régua de Prince, é que ao se aproximar o estímulo acomodativo existe o efeito de magnificação da imagem, diminuindo então, relativamente o estímulo e o efeito de acomodação. Com o método das lentes esféricas não existe este efeito de magnificação. 
   As principais alterações da acomodação são a presbiopia e o espasmo de acomodação. Sendo diretamente relacionada com a convergência, já que existe uma sincinesia entre ambas.
  Com a idade a acomodação diminui, embora o início dos sintomas ocorra geralmente após os 40 anos. Esta perda gradual e fisiológica da capacidade de acomodação chamamos de presbiopia diferente da insuficiência de acomodação que pode ocorrer após um trauma, ou ainda induzida por certos tipos de medicamentos.
   Em seu livro Acomodação & presbiopia, Atchison diz que o mecanismo da presbiopia é estudado há mais de 400 anos e diversas teorias tentam explicar este fenômeno. A teoria lenticular de Hess-Gullstrand distingue-se das demais por proclamar que com a idade existe um aumento paradoxal da contração do músculo ciliar acima da capacidade do cristalino e de sua cápsula responder, o que de acordo com Atchison não é real. O cristalino com a idade sofre diversas mudanças, mas a perda da elasticidade da cápsula e da substância do cristalino, além do aumento do volume e da sua espessura, são provavelmente os principais fatores responsáveis pelo aparecimento da presbiopia. Outros fatores como alteração na composição proteica do cristalino, formação de agregados de alto peso molecular, mudança no ponto de inserção da zônula, encurtamento do raio de curvatura da superfície anterior do cristalino, diminuição na capacidade de transmissão da luz, alteração na capacidade de contração e relaxamento do músculo ciliar também estão relacionados com o desenvolvimento da presbiopia.
   O tratamento da presbiopia é sintomático e deve ser feito com a devida correção óptica, permitindo a visão de perto sem sintomas. As principais formas de correção óptica são através de óculos, sejam eles com lentes multifocais, bifocais, ou separados para visão de perto ou longe. Atualmente também existem lentes de contato bifocal ou multifocal. Como alternativa para os pacientes que não se adaptam a outras formas de correção óptica, pode-se utilizar lentes de contato monofocal.

Referência:
Atchison DA, Capper EJ, McCabe KL. Critical subjective measurement of amplitude of accommodation. Optom Vis Sci 1994;71:699-706.      
Atchison DA, Claydon CA, Irwin SE. Amplitude of accommodation for different head position and different directions of eye gaze. Optom Vis Sci 1994;71:339-45.       

Atchison DA. Accommodation and presbyopia. Ophthalmic Physiol Opt 1995;15:255-72.        

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