É resultante de uma mudança na forma do cristalino, alterando a sua
curvatura e espessura central, modificando o poder dióptrico do olho. A teoria
clássica de Helmholtz refere através da contração do músculo ciliar produz um
relaxamento das fibras zonulares, assim sendo gera um aumento da espessura e
curvatura do cristalino gerando uma alteração no seu poder dióptrico.
Medimos a acomodação em dioptrias (D) e representando a distância de
fixação em metros. Em outras palavras, se a distância de fixação é 1 metro, a
acomodação é de 1 D, se 1/2 metro a acomodação
é de 2 D, se1/3 é 3D e assim por diante.
O valor máximo do aumento de poder dióptrico (amplitude de acomodação)
deve ser medida para cada olho separadamente, já que binocularmente a amplitude
de acomodação é geralmente maior (0,5 a 1,0 D). A medida da amplitude de
acomodação deve ser realizada no olho emétrope, ou com a sua refração
corrigida, quando necessário. Em caso muito raro a amplitude de acomodação se
difere entre os dois olhos. Podendo ser medida de três formas: por meio do
ponto próximo de acomodação, com régua de acomodação e pelo método de lentes
esféricas.
A medida do Ponto Próximo de Acomodação - PPA é a forma mais simples e
prática. Utiliza-se um estímulo (tabela de perto) movendo-o na direção de cada
olho até que as letras comecem a ficar embaçadas, sendo este o ponto próximo de
acomodação. Em um olho emétrope (ou corrigido com lentes), o ponto remoto
estará no infinito (onde a acomodação é nula) e o ponto próximo de acomodação
pode ser convertido em dioptrias de acomodação.
Com uma régua de acomodação, tipo régua de Prince, onde existe uma
escala em centímetros e dioptrias, utiliza-se uma tabela de perto e uma lente
de +3,00 D sobre o olho emétrope (ou corrigido com lentes). Ao colocar a lente
de +3,00 D, o ponto remoto passa ser a 1/3 m e então
o ponto próximo passa a ser da mesma forma 3,00 D mais perto. A amplitude de
acomodação é determinada subtraindo-se o valor em dioptrias do seu ponto
remoto, do valor em dioptrias do ponto próximo de acomodação.
No método de lentes esféricas, coloca-se à frente de um dos olhos uma
tabela de leitura a uma distância fixa. A acomodação é induzida através de
lentes negativas sucessivas, até que a imagem fique borrada; a acomodação é
então relaxada com o uso de lentes positivas sucessivas, até que novamente a
imagem comece a ficar borrada. A soma das duas medidas (convertidas em
dioptrias) é o valor da amplitude de acomodação.
Segundo Atchison, Capper e McCabe, a crítica na medida da amplitude de
acomodação com o ponto próximo de acomodação e com a régua de Prince, é que ao
se aproximar o estímulo acomodativo existe o efeito de magnificação da imagem,
diminuindo então, relativamente o estímulo e o efeito de acomodação. Com o
método das lentes esféricas não existe este efeito de magnificação.
As principais alterações da acomodação são a presbiopia e o espasmo de
acomodação. Sendo diretamente relacionada com a convergência, já que existe uma
sincinesia entre ambas.
Com a idade a acomodação diminui, embora o início dos sintomas ocorra
geralmente após os 40 anos. Esta perda gradual e fisiológica da capacidade de
acomodação chamamos de presbiopia diferente da insuficiência de acomodação que
pode ocorrer após um trauma, ou ainda induzida por certos tipos de medicamentos.
Em seu livro Acomodação & presbiopia, Atchison diz que o mecanismo
da presbiopia é estudado há mais de 400 anos e diversas teorias tentam
explicar este fenômeno. A teoria lenticular de Hess-Gullstrand distingue-se das
demais por proclamar que com a idade existe um aumento paradoxal da contração
do músculo ciliar acima da capacidade do cristalino e de sua cápsula responder,
o que de acordo com Atchison não é real. O cristalino com a idade sofre
diversas mudanças, mas a perda da elasticidade da cápsula e da substância do
cristalino, além do aumento do volume e da sua espessura, são provavelmente os
principais fatores responsáveis pelo aparecimento da presbiopia. Outros
fatores como alteração na composição proteica do cristalino, formação de
agregados de alto peso molecular, mudança no ponto de inserção da zônula,
encurtamento do raio de curvatura da superfície anterior do cristalino,
diminuição na capacidade de transmissão da luz, alteração na capacidade de
contração e relaxamento do músculo ciliar também estão relacionados com o
desenvolvimento da presbiopia.
O tratamento da presbiopia é sintomático e deve ser feito com a devida
correção óptica, permitindo a visão de perto sem sintomas. As principais formas
de correção óptica são através de óculos, sejam eles com lentes multifocais,
bifocais, ou separados para visão de perto ou longe. Atualmente também existem
lentes de contato bifocal ou multifocal. Como alternativa para os pacientes que
não se adaptam a outras formas de correção óptica, pode-se utilizar lentes de
contato monofocal.
Referência:
Atchison DA, Capper EJ, McCabe KL. Critical subjective measurement of amplitude of accommodation. Optom Vis
Sci 1994;71:699-706.
Atchison DA, Claydon CA, Irwin SE. Amplitude of accommodation for
different head position and different directions of eye gaze. Optom Vis Sci
1994;71:339-45.
Atchison DA. Accommodation and presbyopia. Ophthalmic Physiol Opt
1995;15:255-72.
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