domingo, 27 de março de 2016

Catarata


 
 A catarata consiste em uma opacidade, podendo ser parcial ou total do cristalino, este é uma lente biconvexa alojada na câmara posterior do olho, ou seja, atrás da pupila, colaborando na convergência dos raios de luz que penetra em nosso olho para que haja a devida formação da imagem na mácula (região da retina), portanto podemos afirmar que qualquer alteração no cristalino afeta a visão nítida.

   O nosso cristalino tem aproximadamente 9 mm de diâmetro e 2,5 mm de espessura.

   Mesmo que o cristalino permaneça na sua forma transparente, com o passar do tempo, surgem diversas mudanças em sua composição celular e molecular, em decorrência de absorção da luz ultravioleta, transformações bioquímicas e oxidação de proteína e mudanças fotoquímicas.

    Segundo Daniel et tal, no livro oftalmologia clínica, a catarata se constitui de uma opacidade no córtex do cristalino. A função visual do cristalino fica variavelmente descompensada dependendo da distância das opacidades ao eixo visual, essa opacificação pode ser de uma ou mais camadas, pois a cortical resulta da deterioração de células jovens, já a nuclear é resultante da deterioração de células mais velhas que são localizadas no centro da lente.

   Existem diversos fatores que podem desencadear a catarata, a mais comum é a senil, isto é, o envelhecimento de forma natural do cristalino pelo decorrer dos anos, mas existe também a catarata de forma congênita, pela qual o bebê já nasce com a catarata e causas secundárias, como o uso crônico de medicamentos que contenham corticoide em sua fórmula, doenças metabólicas, diabetes, uveíte, traumas e também a exposição excessiva à radiação ultravioleta.
 
   Apresenta-se, na maioria dos casos, como uma perda de acuidade visual progressiva, tanto para perto quanto para longe. Essa baixa de acuidade visual pode ser unilateral ou bilateral. O paciente pode queixar-se de perda de qualidade das cores ficam mais opacas e troca frequente da potencia das lentes dos óculos sem nenhum tipo de melhora na sua qualidade de visão.

   O diagnóstico desta patologia é feito por intermédio do oftalmologista através do exame de biomicroscopia. Caso o mesmo detecte a existência da patologia, exames complementares poderão ser realizados para complementar o diagnóstico, como por exemplo, podemos citar:

Ø  Microscopia especular;
Ø  Paquimetria;
Ø  Fundoscopia,
Ø  Mapeamento de Retina;
Ø  Retinografia;
Ø  OCT (Tomografia de Coerêcia Ótica);
Ø  PIO (Pressão Intraocular);
Ø  Ecografia (Ultrassonografia ocular);
Ø  Biometria,
Ø  Aberrometria;
As causas mais comuns são:
Catarata senil
  Esse é o tipo de catarata mais comum, ocorrendo com o processo de envelhecimento, surgindo com mais  frequência após os 55 anos de idade, ocorrendo de forma natural pelo efeito cumulativo da exposição à luz.
Catarata congênita
   A incidência deste tipo de catarata é de 1,2 a 6 por cada 10.000 nativivo e é responsável por 5-20% dos casos de cegueira em todo o mundo e por 10% de todos os casos de cegueira infantil.
Cerca de 64% dos casos é presente nos dois olhos.
   Em quase 63% dos casos não é possível encontrar uma causa, mesmo após uma investigação clínica rigorosa.
   Em 29% dos casos existe uma causa genética, podendo ser hereditárias ou  associadas a síndromes e/ou anomalias cromossômicas, doenças metabólicas, hereditariedade, hipertensão e idiopatia. As infecções intra-uterinas (rubéola por exemplo) podem também ser causa de catarata congênita
Causas principais causas de catarata na infância:
METABOLICAS
ANOMALIAS SISTÉMICAS
SINDROMES DISMORFICOS
INFECÇÕES INTRA-UTERINAS
Galactosemia
Trissomia 21
Sindrome de Nance Horan
Toxoplasmose
Deficiência de Galactokinase
Sindrome de Turner
Sindrome de Hallermann-Strieff
CMV
Hipocalcemia
Trissomia 13
Sindrome de Lowe
Herpes
Hipoglicemia
Trissomia18
Sindrome de Conradi (condrodisplasia rizomélica)
Varicela
Manosidose
Sindrome “Cri du chat”
Doenças do peroxisoma
Sífilis
Hiperferritinemia

Sindrome Martsolf
Rubéola


Sindrome COFS


Catarata traumática
   Ocorrendo após acidentes que danificam os olhos. Geralmente é unilateral.
Catarata diabética
   Geralmente, tem início precoce e provoca perda visual mais rápida do que a catarata senil, esta é gerada pelo aumento da glicose no humor aquoso, disseminando para o cristalino.
Catarata decorrente do uso de medicamentos
ü  Corticóides;
ü  Clorpromazina;
ü  Bussulfano;
ü  Amiodarona;
ü  Ouro;
ü  Alopurinol.
Dermatite atópica
   Uma média de 10% dos pacientes com dermatite atópica severa, desenvolvem catarata entre vinte e quarenta ano, sendo as opacidades de forma bilateral podendo aumentar o seu estágio rapidamente.
  

Ø  Classificação morfológica da catarata:

1.    Catarata subcapsular:
1.1. Catarata subcapsular anterior – é encontrado de forma direta sob a cápsula do cristalino.

1.2. Catarata subcapsular posterior – é encontrado exatamente em frente da cápsula posterior.

2.    Catarata nuclear:
Segundo Kanski, este tipo de catarata se inicia “como um exagero das alterações normais que envolvem o núcleo do cristalino no envelhecimento”, sendo normalmente associada a miopia, por conta do aumento do índice de refração no núcleo do cristalino.
  
3.    Catarata cortical:
Esta forma de catarata pode envolver o córtex anterior, posterior e equatorial, suas opacificações se iniciam com formas de fendas entre as fibras do cristalino.

4.    Catarata árvore de natal:
Sendo um tipo incomum, se caracteriza por depósitos, policromáticos tendo forma de agulhas, no interior do núcleo e córtex.

   Na maioria dos tipos de catarata, elas se desenvolvem lentamente não perturbando a visão do paciente desde o início, mas com o passar do tempo, a catarata acabará interferindo a visão do mesmo.
   Em um primeiro momento, iluminação mais intensa e o uso de óculos podem ajudar a lidar com a doença, mas se a visão estiver prejudicada interferindo com as atividades normais, é necessário fazer a cirurgia de catarata, que costuma ser um procedimento seguro e eficaz.
   Segundo Amaryllis Avakian, chefe do setor de catarata do Hospital das Clínicas em São Paulo, a catarata exige um acompanhamento. 
“Alguns pacientes precisam ser operados logo, quando, por exemplo, a pessoa está em idade produtiva e precisa trabalhar ou atinge um nível de falta de visão que atrapalha a vida”, recomenda. 
   A evolução da catarata é natural, mas tem estágios diferentes. “Existem pessoas que ficam cinco anos com o problema estacionado, outras precisam operar em seis meses”, o mesmo esclarece.
   A intervenção cirúrgica da catarata é feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e em hospitais particulares, consistindo em colocar uma lente, que é um novo cristalino artificial, como se fosse uma prótese no olho. O índice de recuperação dos pacientes é satisfatório chegando a 90% dos casos. Após a cirurgia, o paciente volta a enxergar. Essas lentes são definitivas não precisando ser trocadas. 
    Em 2004, o Governo Federal por intermédio do Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Cirurgias Eletivas, que consiste na efetiva ampliação da oferta de procedimentos cirúrgicos já disponíveis, como os de catarata, por conta da alta demanda. Em 2014 foram realizadas 469.820 cirurgias de catarata em maiores de 60 anos, e 185.598 em 2015, mas a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, estima que devam surgir cerca de  552 mil casos novos da doença todos os anos.

   O Ministério da Saúde divulgou, no mês de março de 2016, o terceiro volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com os dados da referida pesquisa, a população com 60 anos ou mais é equivalente a 13,2% dos brasileiros. Do total de idosos diagnosticados com catarata no País, 72,7% fizeram cirurgias. Desses, 47,6% fizeram o procedimento cirúrgico pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e 37,9% foram cobertas por plano de saúde. 27,7% das pessoas de 60 anos ou mais de idade, que tiveram indicação de cirurgia de catarata, não realizaram a cirurgia.

   Ainda de acordo com o Ministério da Saúde as regiões com maiores números de idosos com catarata são o Centro-Oeste (33,7%) e o Nordeste (31,9%).
   O procedimento cirúrgico é considerado de baixa complexidade, com anestesia local e sem necessidade de internação. Mesmo simples quanto mais endurecida estiver a catarata, maior o risco da operação. A cirurgia dissolve a catarata com ultrassom. Se estiver mais dura, vai precisar de mais energia do ultrassom, mais calor podendo ocorrer inflamação no olho.
   Não existe nada que possa prevenir a catarata e, se não for tratada, pode levar à cegueira. Mas se o idoso fizer a cirurgia, volta a enxergar. A catarata é a principal causa de cegueira reversível no mundo. 
   O presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Marco Antônio Rey de Faria, alerta que se a catarata evoluir muito, o cristalino crescer demais e ficar com um volume maior, o paciente pode contrair um glaucoma secundário e, consequentemente, uma cegueira irreversível. 
   Apesar de a doença não poder ser evitada, cuidados como uma boa alimentação e o uso de óculos escuros com proteção ultravioleta podem ajudar a retardar o aparecimento da catarata, na avaliação de Amaryllis Avakian. 
   A seguir traremos algumas dicas de como podemos retardar o aparecimento da catarata:
·         Dieta rica em vitamina A e C, que são fundamentais para os tecidos, funções oculares, visão noturna e ajuda amenizar o envelhecimento do cristalino, devemos, consumir verduras e frutas “avermelhadas”, cenoura, laranja, mamão etc. também espinafre e fígado para obtermos vitamina A. O espinafre é recomendado para reduzir as possibilidades de desenvolver as cataratas graves. Para termos acesso a vitamina C há uma variedade de produtos, destacando a alga espirulina e a moringa  (folha ou óleo) que  também são ricos em vitamina A;
·         Eliminar da nossa alimentação as bebidas açucaradas, de forma geral os açúcares, esses debilitam e degeneram o sistema nervoso. Pela mesma razão, evite o consumo de cafeína e álcool;
·         Devemos incluir em nossa dieta aqueles alimentos que são fonte natural de antioxidantes. Tais como as laranjas, limões, morangos, uvas pretas, brócolis e tomates; azeite de oliva e óleo de moringa. Os antioxidantes são combatentes dos radicais livres (moléculas de oxigênio instáveis) que podem se acumular nos olhos e causando a catarata;

·         Uma dieta rica em ácidos graxos ômega-3. Podemos consumir por intermédio de suplementos, através dos peixes ou nas sementes de linhaça, chia ou em seus óleos. Segundo diversos estudos, consumir atum uma vez por semana reduz o risco de catarata em até 12%.

 Referencia:
Catarata congênita: frequência etiológica, Kitadai, Silvia P. Smit Bonomo, Pedro Paulo – Arquivo Brasileiro de Oftalmologia, 1994;

Oftalmologia Clínica, Jack J. Kanski [et tal], Rio de Janeiro – Elsevier, 2004, Pag. 162 – 166;

Oftalmologia Geral, Vaughan Daniel, Asbury Taylor, Riodan-Eva Paul, São Paulo – Atheneu ED, 2003, Pag. 160;

Senilidade Ocular, Newton Kará-José, Almeida Geraldo Vicente, São Paulo – Roca, 2001 Pág. 99;







Nenhum comentário:

Postar um comentário