O nosso cristalino tem aproximadamente 9 mm
de diâmetro e 2,5 mm de espessura.
Mesmo que o cristalino permaneça na sua
forma transparente, com o passar do tempo, surgem diversas mudanças em sua
composição celular e molecular, em decorrência de absorção da luz ultravioleta,
transformações bioquímicas e oxidação de proteína e mudanças fotoquímicas.
Segundo Daniel et tal, no livro oftalmologia clínica, a catarata se
constitui de uma opacidade no córtex do cristalino. A função visual do
cristalino fica variavelmente descompensada dependendo da distância das
opacidades ao eixo visual, essa opacificação pode ser de uma ou mais camadas,
pois a cortical resulta da deterioração de células jovens, já a nuclear é
resultante da deterioração de células mais velhas que são localizadas no centro
da lente.
Existem diversos fatores que podem
desencadear a catarata, a mais comum é a senil, isto é, o envelhecimento de
forma natural do cristalino pelo decorrer dos anos,
mas existe também a catarata de forma congênita, pela qual o bebê já nasce
com a catarata e causas secundárias, como o uso crônico de medicamentos que
contenham corticoide em sua fórmula, doenças metabólicas, diabetes, uveíte,
traumas e também a exposição excessiva à radiação ultravioleta.
Apresenta-se, na maioria dos casos, como uma
perda de acuidade visual progressiva, tanto para perto quanto para longe. Essa
baixa de acuidade visual pode ser unilateral ou bilateral. O paciente pode
queixar-se de perda de qualidade das cores ficam mais opacas e troca frequente
da potencia das lentes dos óculos sem nenhum tipo de melhora na sua qualidade
de visão.
O diagnóstico desta patologia é feito por intermédio do oftalmologista
através do exame de biomicroscopia. Caso o mesmo detecte a existência da patologia, exames
complementares poderão ser realizados para complementar o diagnóstico, como por
exemplo, podemos citar:
Ø
Microscopia
especular;
Ø
Paquimetria;
Ø
Fundoscopia,
Ø
Mapeamento
de Retina;
Ø
Retinografia;
Ø
OCT
(Tomografia de Coerêcia Ótica);
Ø
PIO
(Pressão Intraocular);
Ø
Ecografia
(Ultrassonografia ocular);
Ø
Biometria,
Ø
Aberrometria;
As causas mais comuns são:
Catarata senil
Esse é o tipo de catarata mais comum, ocorrendo
com o processo de envelhecimento, surgindo com mais frequência após os 55 anos de idade, ocorrendo
de forma natural pelo efeito cumulativo da exposição à luz.
Catarata congênita
A incidência
deste tipo de catarata é de 1,2 a 6 por cada 10.000 nativivo e é responsável
por 5-20% dos casos de cegueira em todo o mundo e por 10% de todos os casos de
cegueira infantil.
Cerca de 64% dos casos é presente nos dois olhos.
Em quase 63%
dos casos não é possível encontrar uma causa, mesmo após uma investigação
clínica rigorosa.
Em 29% dos
casos existe uma causa genética, podendo ser hereditárias ou associadas a síndromes e/ou anomalias cromossômicas,
doenças metabólicas, hereditariedade, hipertensão e idiopatia. As infecções
intra-uterinas (rubéola por exemplo) podem também ser causa de catarata
congênita
Causas principais causas de catarata na infância:
METABOLICAS
|
ANOMALIAS SISTÉMICAS
|
SINDROMES DISMORFICOS
|
INFECÇÕES INTRA-UTERINAS
|
Galactosemia
|
Trissomia 21
|
Sindrome de Nance Horan
|
Toxoplasmose
|
Deficiência de Galactokinase
|
Sindrome de Turner
|
Sindrome de Hallermann-Strieff
|
CMV
|
Hipocalcemia
|
Trissomia 13
|
Sindrome de Lowe
|
Herpes
|
Hipoglicemia
|
Trissomia18
|
Sindrome de Conradi (condrodisplasia rizomélica)
|
Varicela
|
Manosidose
|
Sindrome “Cri du chat”
|
Doenças do peroxisoma
|
Sífilis
|
Hiperferritinemia
|
|
Sindrome Martsolf
|
Rubéola
|
|
|
Sindrome COFS
|
Catarata traumática
Ocorrendo após acidentes que danificam os
olhos. Geralmente é unilateral.
Catarata diabética
Geralmente, tem início precoce e provoca
perda visual mais rápida do que a catarata senil, esta é gerada pelo aumento da
glicose no humor aquoso, disseminando para o cristalino.
Catarata decorrente do uso de
medicamentos
ü Corticóides;
ü Clorpromazina;
ü Bussulfano;
ü Amiodarona;
ü Ouro;
ü Alopurinol.
Dermatite atópica
Uma média de 10% dos pacientes com dermatite
atópica severa, desenvolvem catarata entre vinte e quarenta ano, sendo as
opacidades de forma bilateral podendo aumentar o seu estágio rapidamente.
Ø Classificação morfológica da catarata:
1. Catarata subcapsular:
1.1.
Catarata subcapsular anterior – é encontrado de forma direta sob a cápsula do
cristalino.
1.2.
Catarata subcapsular posterior – é encontrado exatamente em frente da cápsula
posterior.
2.
Catarata nuclear:
Segundo
Kanski, este tipo de catarata se inicia “como
um exagero das alterações normais que envolvem o núcleo do cristalino no
envelhecimento”, sendo normalmente associada a miopia, por conta do aumento
do índice de refração no núcleo do cristalino.
3.
Catarata cortical:
Esta
forma de catarata pode envolver o córtex anterior, posterior e equatorial, suas
opacificações se iniciam com formas de fendas entre as fibras do cristalino.
4.
Catarata árvore de natal:
Sendo um
tipo incomum, se caracteriza por depósitos, policromáticos tendo forma de
agulhas, no interior do núcleo e córtex.
Na maioria dos tipos de catarata, elas se
desenvolvem lentamente não perturbando a visão do paciente desde o início, mas
com o passar do tempo, a catarata acabará interferindo a visão do mesmo.
Em um primeiro momento, iluminação mais intensa
e o uso de óculos podem ajudar a lidar com a doença, mas se a visão estiver prejudicada
interferindo com as atividades normais, é necessário fazer a cirurgia de
catarata, que costuma ser um procedimento seguro e eficaz.
Segundo Amaryllis Avakian, chefe do setor de
catarata do Hospital das Clínicas em São Paulo, a catarata exige um acompanhamento.
“Alguns pacientes precisam ser operados logo, quando, por exemplo, a
pessoa está em idade produtiva e precisa trabalhar ou atinge um nível de falta
de visão que atrapalha a vida”, recomenda.
A evolução da catarata é natural, mas tem estágios
diferentes. “Existem pessoas que ficam
cinco anos com o problema estacionado, outras precisam operar em seis meses”,
o mesmo esclarece.
A
intervenção cirúrgica da catarata é feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e em
hospitais particulares, consistindo em colocar uma lente, que é um novo
cristalino artificial, como se fosse uma prótese no olho. O índice de
recuperação dos pacientes é satisfatório chegando a 90% dos casos. Após a
cirurgia, o paciente volta a enxergar. Essas lentes são definitivas não precisando
ser trocadas.
Em 2004, o Governo Federal por intermédio
do Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Cirurgias Eletivas, que
consiste na efetiva ampliação da oferta de procedimentos cirúrgicos já
disponíveis, como os de catarata, por conta da alta demanda. Em 2014 foram
realizadas 469.820 cirurgias de catarata em maiores de 60 anos, e 185.598 em
2015, mas a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, estima
que devam surgir cerca de 552 mil casos
novos da doença todos os anos.
O Ministério da Saúde divulgou, no mês de
março de 2016, o terceiro volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com
os dados da referida pesquisa, a população com 60 anos ou mais é equivalente a
13,2% dos brasileiros. Do total de idosos diagnosticados com catarata no
País, 72,7% fizeram cirurgias. Desses, 47,6% fizeram o procedimento
cirúrgico pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e 37,9% foram cobertas por plano
de saúde. 27,7% das pessoas de 60 anos ou mais de idade, que tiveram indicação
de cirurgia de catarata, não realizaram a cirurgia.
Ainda de acordo com o Ministério
da Saúde as regiões com maiores números de idosos com catarata são o
Centro-Oeste (33,7%) e o Nordeste (31,9%).
O procedimento cirúrgico é considerado de
baixa complexidade, com anestesia local e sem necessidade de internação. Mesmo simples
quanto mais endurecida estiver a catarata, maior o risco da operação. A
cirurgia dissolve a catarata com ultrassom. Se estiver mais dura, vai precisar
de mais energia do ultrassom, mais calor podendo ocorrer inflamação no olho.
Não existe nada que possa prevenir a
catarata e, se não for tratada, pode levar à cegueira. Mas se o idoso fizer a
cirurgia, volta a enxergar. A catarata é a principal causa de cegueira
reversível no mundo.
O presidente do Conselho Brasileiro de
Oftalmologia, Marco Antônio Rey de Faria, alerta que se a catarata evoluir
muito, o cristalino crescer demais e ficar com um volume maior, o paciente pode
contrair um glaucoma secundário e, consequentemente, uma cegueira
irreversível.
Apesar de a doença não poder ser evitada,
cuidados como uma boa alimentação e o uso de óculos escuros com proteção
ultravioleta podem ajudar a retardar o aparecimento da catarata, na avaliação
de Amaryllis Avakian.
A seguir traremos algumas dicas de como
podemos retardar o aparecimento da catarata:
·
Dieta
rica em vitamina A e C, que são fundamentais para os
tecidos, funções oculares, visão noturna e ajuda amenizar o envelhecimento do
cristalino, devemos, consumir verduras e frutas “avermelhadas”, cenoura,
laranja, mamão etc. também espinafre e fígado para obtermos vitamina A. O
espinafre é recomendado para reduzir as possibilidades de desenvolver as
cataratas graves. Para termos acesso a vitamina C há uma variedade de produtos,
destacando a alga espirulina e
a moringa (folha ou óleo) que também são ricos em vitamina A;
·
Eliminar
da nossa alimentação as bebidas açucaradas, de forma geral os açúcares, esses
debilitam e degeneram o sistema nervoso. Pela mesma razão, evite o consumo de
cafeína e álcool;
·
Devemos incluir em nossa dieta aqueles
alimentos que são fonte
natural de antioxidantes. Tais como as laranjas, limões,
morangos, uvas pretas, brócolis e tomates; azeite de oliva e óleo de moringa.
Os antioxidantes são combatentes dos radicais livres (moléculas de oxigênio instáveis) que podem se acumular nos olhos e
causando a catarata;
·
Uma dieta rica em ácidos graxos ômega-3. Podemos consumir por intermédio de suplementos,
através dos peixes ou nas sementes de linhaça, chia ou em seus óleos. Segundo
diversos estudos, consumir atum uma vez por semana reduz o risco de catarata em
até 12%.
Referencia:
Catarata congênita:
frequência etiológica, Kitadai, Silvia P. Smit Bonomo, Pedro Paulo – Arquivo
Brasileiro de Oftalmologia, 1994;
Oftalmologia Clínica, Jack
J. Kanski [et tal], Rio de Janeiro – Elsevier, 2004, Pag. 162 – 166;
Oftalmologia Geral, Vaughan
Daniel, Asbury Taylor, Riodan-Eva Paul, São Paulo – Atheneu ED, 2003, Pag. 160;
Senilidade Ocular, Newton
Kará-José, Almeida Geraldo Vicente, São Paulo – Roca, 2001 Pág. 99;
http://melhorcomsaude.com/prevencao-tratamento-natural-cataratas/
acesso em 22.03.2016;
http://www.oftalmologia-pediatrica.eu/pagina,131,149.aspx
acesso em 10.03.2016;
http://www.sboportal.org.br/links.aspx?id=7
acesso em 22.03.2016;
http://www.visaolaser.com.br/saude-ocular/doencas-oculares/catarata/
acesso em 02.01.2016;
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